Transcrições

Ramanujacarya

 

Primeiramente gostaria de oferecer minhas mais humildes e respeitosas reverências, dandavats pranamas aos pés de lótus de meus mestres espirituais, guru pada padma

Nitya Lila Pravista Om Vishnupada Astotarasata Sri Srimad Bhaktivedanta Srila Vamana Goswami Maharaja

Nitya Lila Pravista Om Visnupada  Astotarasata Sri Srimad Bhaktivedanta Srila Narayana Goswami Maharaja

E simultaneamente presto minhas mais humildes e sinceras reverências a

Nitya Lila Pravista Om Vishnupada Astotarasata Sri Srimad  Bhaktivedanda Swami Maharaja

Srila Goura Govinda Goswami Maharaj

Srila Bhakti Raksara Sridhara  Goswami Maharaj

Bhakti Pramode Puri  Goswami Maharaj

A todos os devotos seniores, aos vaishnava, vaishnavis, e aos respeitosos convidados aqui presentes.

 

 

Hoje é um dia muito auspicioso, devido ao aparecimento de Ramanujacarya, que é o mais proeminente acarya entre todos os acaryas da Sri sampradaya. Então eu quero falar sobre sua vida e sua contribuição. Em nosso sastra está explicado:

 

sampradaya vihina ye mantras te nisphalah matah

sri-brahma-rudra-sanaka vaisnavah ksiti-pavanah

(Padma Purana citado em  Prameya-ratnavali)

 

Sem receber o mantra, especialmente dos acaryas das quatro sampradayas desta Kali Yuga, quais sejam, Sri, Brahma, Rudra e Sanaka sampradayas.

 

  • Sri sampradaya o acarya original é Laksmi-devi, na Kali Yuga o acarya é Ramanujacarya.

 

  • Brahma sampradaya o acarya original é Brahma ji, mas na Kali Yuga é Madhvacarya.

 

  • Rudra sampradaya o acarya original é o Senhor Shiva, na Kali Yuga é Vishnu Swami.

 

  • Sanaka sampradaya os acaryas originais são os quatro Kumaras, a saber Sanaka, Sanandana, Sanatana e Sanat Kumara. Porém em Kali Yuga é Nimbaditya.

 

De acordo com o sastra se explica claramente:

 

sampradaya vihina ye mantras te nisphalah matah

sri-brahma-rudra-sanaka vaisnavah ksiti-pavanah

(Padma Purana citado em  Prameya-ratnavali)

 

Sem receber o mantra de um dos quatro vaishnava acaryas, de uma dessas quatro sampradayas o mantra não terá nenhum fruto. Isso significa que deve-se receber o mantra de uma dessas quatro  vaisnavas sampradayas, tem que receber diksa mantra desses acaryas dessas sampradayas.

Então o dia de hoje é um dia muito auspicioso, o dia do aparecimento de Ramanujacarya.

Rama-anuja-acarya. ‘Rama’ significa o Senhor Ramacandra, ‘anuja‘ significa o seu irmão mais novo, ou seja, o irmão mais novo do Senhor Ramacandra que é chamado Lakshmana.  Ramanujacarya recebeu também um outro nome, Lakshman Desik. No sul da Índia, em sua casa, seu nome era Lakshman Desik, quando ele  ainda era apenas um menino e lia os sastras de Yadavacarya.  Yadavacarya era um filósofo  e seguidor de Sankaracarya, ele era impersonalista. Os impersonalista pensam:

 

brahma satyam jagan mithya jivo brahmaiva na parah

 

A filosofia de Sankaracarya é que há somente uma verdade absoluta, que é Brahman, brahma satyam jagan mithya,  e tudo o que se relaciona a este mundo material é completamente falso,  jivo brahmaiva na parah .  Há muitos tipos diferentes de jivas mas essas jivas não são diferentes de Brahman, ou seja, Brahman iludido por maya  manifesta-se na forma de jivas. Essa é a filosofia de Sankaracarya.

Yadavacarya era um seguidor de Sankaracarya. Lakshman Desik, ou Ramanujacarya, foi admitido na escola de Yadavacarya, quando ainda era um menininho, ele aprendia sobre os sastras , mas sua mente sempre estava inquieta.

Um dia, Lakshman Desik estava massageando os pés de lótus de Yadavacarya, enquanto este conversava com seus discípulos sobre um verso do sastra. Neste verso dizia que os olhos do Senhor são como o lótus, pois o Senhor é chamado Pundarikaksa e Yadavacarya estava criticando o Senhor e uma palavra que também estava neste sloka,kapyasam‘. Então o impersonalista Yadavacarya explicou sobre os olhos de lótus do Senhor, que, segundo ele, eram como o traseiro de um macaco.  Ele explicou que de acordo com a Gramática, “ kapeh + asah  é igual a  kapyasam” ‘kapeh‘  que significa macaco e ‘asah’ significa a parte traseira, sobre a qual o macaco se senta. Então, dessa forma, ele estava criticando os belos olhos do Senhor.

Quando Ramanujacarya ouviu essa explicação, onde se criticava os olhos do Senhor comparando-Os ao traseiro de macacos, o coração dele se comoveu e lágrimas rolaram de seus olhos. Então, seu mestre Yadavacarya perguntou:

“Ei, por que você está chorando, o que aconteceu?”   Ramanujacarya, muito humildemente disse: “Gurudeva, o senhor explicou que os olhos do Senhor são como o traseiro do macaco, mas isso não é verdade. Por que o senhor disse isso? Todos os Vedas, Puranas, Upanisads, em todos os lugares glorificam que o Senhor tem belos olhos.”

Então Yadavacarya, de acordo com a filosofia Sankara disse: “O Senhor não tem forma, então como seria possível que o Senhor tivesse olhos e etc.?” Neste momento, Ramanujacarya fez muitas citações do sastra onde afirmava que o Senhor tem belos olhos, pernas, etc.  Ainda no Vedanta Darshan é dito que Ele vê, o que significa que Ele tem olhos, sem olhos como seria possível que Ele olhasse para as pessoas?

Ele também citou muitos slokas dos Vedas e dos Puranas. E assim  Ramanujacarya   explicou sobre o significado da palavra ‘kapyasam’. ‘kapih’  pode ser entendido como  o sol e asah  significa ‘florescer, desabrochar’ ”,  esse é o verdadeiro significado, de kapyasam “O Sol que bebe a água com seus raios”,  o Sol faz o lótus desabrochar. Dessa forma, Ramanujacarya explicou muito claramente através da gramática do sânscrito, que os olhos do Senhor são como o lótus.

Ao ouvir esta explicação, Yadavacarya ficou muito surpreso, com esses significados da gramática do sânscrito, e com a filosofia tão belamente explicada. Então o impersonalista Yadavacarya começou a pensar que quando Ramanujacarya crescesse ele seria capaz de eliminar a filosofia de Sankaracarya.  Por este motivo ele pensou: “Tenho que matá-lo, caso contrário ele destruirá a filosofia mayavada.

Yadavacarya armou um plano, de ir a uma floresta com seus companheiros mais íntimos e com Ramanujacarya. Mas essas pessoas foram mortas na floresta por um tigre e, de alguma forma, Ramanujacarya foi salvo e por causa da misericórdia de Bhadraraja ele conseguiu voltar.

Então ele abandonou esse guru, pensando que Yadavacarya não era um guru autêntico e fidedigno. No sastra explica que quando o guru é mayavadi, você tem que abandoná-lo. Ramanujacarya o abandonou e  abrigou-se aos pés de lótus de Yamunacarya.

Sri Yamunacarya era um grande vaisnava, no entanto, antes que Ramanujacarya pudesse vê-lo ele abandonou o seu corpo. Então ao tomar darsana da forma transcendental do seu gurudeva, Ramanujacarya percebeu que em uma das mãos, três dedos estavam dobrados. Então em frente ao seu guru Ramanujacarya fez 3 votos:

  • Aceitarei sannyasa, perfeito vaisnava sannyasi , Quando ele disse isso, um dos dedos imediatamente ficou na posição reta.

 

  • Escreverei um comentário perfeito do Vedanta-sutra e o chamarei Sri-bhasya e o segundo dedo também abriu.

 

  • Escreverei o perfeito sudha-vaisnava achar, sobre o comportamento exemplar dos vaisnavas, o qual será chamado vaisnava-sadachar grantha. o terceiro dedo se abriu.

Assim como Sri Caitanya Mahaprabhu instruiu a Sanatana Gosvamipada, dizendo: “Você tem que manifestar um livro que explique o comportamento perfeito do vaisnava, um vaisnava sadachar grantha”  Gopala Bhatta Gosvami  também  reuniu todos livros  da Sri sampradaya, os sudha sadachars, granthas e também slokas  de Ramanujacarya e assim  Sanatana Gosvamipada manifestou o livro que se chama, Hari-bhakti-vilasa, que é um vaishnava sadacahar grantha.

Dessa maneira Ramanujacarya, diante de seu mestre espiritual Yamunacarya também aceitou sannyasa. Assim como Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada  aceitou sannyasa diante da foto de Gaurakishora Dasa Babaji Maharaja. Da mesma forma, Ramanujacarya aceitou sannyasa diante do corpo transcendental de Yamunacarya.  Assim  ele pregou suddha-bhakti e todo o conceito  suddha-vaisnava sampradaya  vicar , por toda a Índia e derrotou as outras sampradayas.

Ele tinha um discípulo muito leal chamado Kuresh. Um dia, Ramanujacarya foi até o norte da Índia, em uma cidade chamada Sarada-pith, onde ele encontrou um comentário do Vedanta-sutra que se chama Bodhayana-bhasya, um comentário muito antigo que contém conclusões filosóficas vaisnavas, como sudha sadhacar, etc. Então Ramanujacarya levou esse livro consigo. No entanto, quando os panditas daquela sampradaya compreenderam que Ramanujacarya e seu discípulo tinham levado aquele grantha, eles o perseguiram e tomaram o grantha ,livro de suas mãos.

Ramanujacarya ficou muito infeliz. Mas Kuresh disse: “Gurudeva, não se preocupe, em uma noite eu li o livro inteiro e lembro do seu conteúdo, eu o escreverei utilizando a minha memória.”

Os saivas (adoradores de Shiva) quando perceberam que Ramanujacarya tinha pego aquele grantha e que o sabia de memória, planejaram matá-lo e fizeram um acordo com o rei sobre como o matariam. Nesse dia eles lançaram um desafio entre a saiva sampradaya e a vaisnava sampradaya de Sri Ramanujacarya. Convidaram Ramanujacarya e seus seguidores para a disputa. A esse tempo, Ramanujacarya percebeu que eles queriam matá-lo e decidiu não ir.

Seu discípulo, Kuresh, foi em seu lugar e debateu sobre vaisnava sadhacar e sobre a filosofia vaisnava. Eles não conseguiram derrotá-lo filosoficamente. Então através da força o detiveram e só o liberaram após cegá-lo, arrancando-lhe os dois olhos. E assim Kuresh ficou cego. Mas Kuresh tinha tanta guru-nistha, fé no seu guru, que ele encontrou novamente seu gurudeva, que pela misericórdia imotivada de Ramanujacarya , devolveu-lhe seus olhos e a visão.

Assim, Kuresh pode ditar o comentário Bodhayana-bhasya e de acordo com esse grantha, Ramanujacarya escreveu o seu suddha vaisnava sadachar grantha, derrotando assim a filosofia mayavadi.

Gurudeva muitas vezes comentou sobre esse assunto, de como Kuresh serviu ao seu gurudeva, assim como Bhakti Prajnana Kesava Maharaja, seu nome era Vinoda-bihari brahmacari  durante o parikrama em Sri Navadvipa-dhama, alguns sahajyas, smarta brahmanas e outras apasampradayas tentaram matar Srila Bhaktisiddhanta Prabhupada então quando eles atacaram Srila Prabhupada, todas as pessoas começaram a correr e a fugir, exceto Vinoda-bihari brahmacari, ele permaneceu com Prabhupada e o salvou. Dessa mesma forma, Kuresh serviu a seu gurudeva.

Ramanujacarya escreveu o comentário do Vedanta-sutra chamado:

Sri-bhasya, falando sobre a filosofia de viśiṣṭādvaita-vāda. Há diferentes vadas, como advaita-vada, dvaita-vada, dvaita- dvaita,  suddhadvaita-vada, viśiṣṭādvaita-vāda. A filosofia contida no comentário de Ramanujacarya é viśiṣṭādvaita-vāda. Viśiṣṭādvaita-vāda significa que o Senhor é um, mas Ele tem muitas potências diferentes, shakti. Por exemplo, uma vaca vermelha. A vaca é uma, vermelho é a cor da vaca,  da mesma maneira  Brahman e brahman shakti. Ramanujacarya em seu comentário ele explicou que as jivas são shakti.  Shakti significa potência do Senhor. E o Senhor é chamado shaktiman.

Krsna explica na Bhagavad-gita:

 

mamaivamso jiva-loke jiva-bhutah sanatanah

 

Todas as entidades vivas são Minhas partículas, portanto, são  eternas e transcendentais.

 

Dessa forma, em todos os Vedas, Puranas, Upanisads também glorificam como o Senhor tem potências, shaktis.

 

vishnu-shaktih para prokta

kshetra-jnakhya tatha para

avidya-karma-samjnanya

trtiya shaktir isyate

                        (Cc. Madhya 6.154) 

 

“O Senhor tem três potências proeminentes: para-shakti, potência transcendental do Senhor, cit-shakti. O Senhor manifesta o mundo transcendental com sua potência cit, o Senhor manifesta todas as jivas com sua potência jiva-shakti e o Senhor manifesta o mundo material com Sua potência material, jara-shakti . Temos então cit shakti, jiva shakti e maya-shakti.”

 Dessa forma, Ramanujacarya em seu comentário explica muito claramente, o Senhor tem potências, shakti. E não há diferença entre as shaktis e shaktiman. Ele também falou sobre o Vedanta darshan em seu comentário. E também explicou que as jivas nunca se tornarão Brahman. Porque Sankaracarya havia dito que as jivas se tornariam Brahman. Mas Ramanujacarya disse: “Como seria possível que as jivas se tornarão Brahman?”

Ramanujacarya também falou sobre liberação, mukti. O que é mukti?  atyantika dukha nivrtthi ,  quando pará com todo tipo de sofrimento isso se chama liberação  mukti,

Há 3 definições de mukti.

  • Aquela pessoa que está livre de todo sofrimento, ela alcança

 

  • A outra definição para mukti é aquela pessoa que alcança os pés de lótus do Senhor Vishnu alcança

 

  • E a definição mais elevada de mukti é aquela onde mukti significa abandonar todos os tipos de designações e se render completamente a Krsna; aquela pessoa que realiza a sua própria forma constitucional transcendental, siddha-deha, e nesta forma constitucional ela serve ao Senhor, essa é a  perfeita  definição de mukti.

Ramunajacarya deu inúmeros exemplos de como a jiva nunca se tornará Brahman. Por exemplo, os pássaros que entram na floresta. Eles não se tornam a floresta. Os pássaros entram na floresta e permanecem dentro dela. Da mesma maneira, as jivas que se fundem no Brahman, elas não se tornam Brahman. Um outro exemplo é se você jogar uma pedra na água, a pedra afundará na água e permanecerá dentro dela. A pedra nunca se tornará a água. Da mesma forma aquelas jivas que cometem suicídio que se fundi no Brahman que é uma forma de suicídio.  Elas se fundirão no Brahman, elas permanecerão  no Brahman  mas nunca se tornarão Brahman.

Dessa forma, Ramanujacarya explicou muito belamente e assim, ele derrotou a filosofia de Sankaracarya. Ele também escreveu o comentário ao Vedantra-sutra chamado Sri-bhasya, que é também um vaisnava sadacar grantha, porque na sampradaya de Ramanujacarya segue-se todas as regras e proibições das escrituras, vaisnava suddha sadachar. Principalmente dão ênfase ao arcana, arcana significa adorar o Senhor. Se você adora ao Senhor, Bhagavata seva, você deve seguir todas as regras e proibições das escrituras.  Vaiddhi margai.

Há dois tipos de bhakti: vaiddhi-bhakti e raganuga-bhakti. Portanto, Ramanujacarya estabeleceu vaiddhi-bhakti, regras e proibições de bhakti, serviço devocional ao Senhor. Mas Bhaktivinoda Thakura também explicou:

 

viddhi-marga-ratna jane svadhinata-ratna-dane

raga-marge karan pravesa

(Kalyana Kalpa-taru, terceiro ramo, parte 4, canto 2, verso 4)

 

Se você seguir as regras e proibições do sastra e se seu único objetivo é adentrar raga-bhakti, você se tornará qualificado para isso. Então, no começo todos os sadhakas, praticantes, devem seguir vaiddhi-marga. Seguir as regras e proibições dos sastras, especialmente vaisnava suddha sadachar, o bom comportamento dos vaisnavas. Nas nossas gaudiyas sampradayas, arcana-marga, as regras e proibições de Ramanujacarya são seguidas.

Certa vez, Ramanujacarya era o comandante do templo de Jagannatha Puri. E ele seguia todas as regras e proibições. Mas os servos do Senhor Jagannatha são chamados pandas, aqueles que adoram o Senhor Jagannatha, eles não seguiam completamente as regras e proibições. As vezes eles mastigavam nozes de betel, cuspiam.  Então quando Sri Ramanujacarya se tornou o comandante do templo, ele expulsou os pandas. Então todos os pandas ficaram muito aborrecidos e fizeram uma greve em frente ao Senhor Jagannatha e eles oraram ao Senhor: “Nós servimos ao Senhor por muitos anos na nossa dinastia, mas agora um novo administrador do templo veio  nos expulsou e nos  impediu de servir o Senhor Jagannatha.”

Mas o Senhor Jagannatha tem tanto amor e afeição por Seus devotos. Então uma noite Ramanujacarya estava dormindo e Krsna Balarama pegaram a cama dele e jogaram bem longe de Jagannatha Puri. Ele foi parar no sul da Índia. De manhã bem cedo, quando acordou, Ramanujacarya viu que ele estava dormindo no templo do Senhor Shiva. A sampradaya de Sri Ramanujacarya é muito rígida, eles preferem morrer, se jogar no fogo a ter que entrar no templo do Senhor Shiva ou qualquer outro templo de algum semideus. Talvez entrem no fogo e abandonem seu corpo mas eles nunca entram no templo do Senhor Shiva ou qualquer templo de algum semideus, eles são muito estritos, eles têm tanta nistha na sua deidade adorável, que é o Senhor Narayana, Vishnu.

Então quando Ramanujacarya acordou e viu as pessoas vindo, cedo pela manhã, para oferecer água ao Senhor Shiva, “Om namah shivaya, om namah shivaya”, sua mente ficou muito perturbada. “Como eu cheguei aqui?” Então ele orou ao Senhor Jagannatha: “Oh Senhor Jagannatha, por que o Senhor me trouxe aqui, qual foi o meu erro?” Então o Senhor Jagannatha disse, “Você perturbou os Meus servos. Por isso Eu o trouxe aqui.” Sri Ramanujacarya perguntou, “Por que Você me colocou dentro do templo do semideus Shivaji?” O Senhor Jagannatha respondeu: “Escute Ramanujacarya, este não é o templo do Senhor Shiva, esse é o templo de Kurmadeva, mas por causa da ignorância das pessoas, elas pensam que este templo é do Senhor Shiva. Então eu trouxe você aqui para que você estabeleça este templo como o templo de Kurmadeva.”

Então dessa forma há dois ensinamentos neste passatempo: não devemos ver faltas nos servos do Senhor Jagannatha.  Sri Ramanujacarya estabeleceu o templo do Senhor Kurma. Ele executou tantas atividades em toda parte e transformou o coração de muitos devotos e de muitas pessoas também.

Havia um bêbado que bebia muito álcool e fazia muitas atividades más, seu nome era Dhanurda. Gurudeva, certa vez, também nos contou essa história.  E um dia ele foi ao templo de Ramanujacarya, no momento em que o pujari estava prestes a abrir as portas, Dhanurdar estava sentado na porta do templo com sua namorada. E já estava na hora de abrir, mas ele estava sentado lá, e ele era tão feroz, ninguém conseguia argumentar com ele.

Nesse momento, Ramanujacarya veio e pediu humildemente: “Por favor, o senhor poderia sair da porta do templo, pois temos que abri-lo e a esta hora muitos visitantes vão vir e temos que abrir a porta. ” Então ele respondeu: “Mas o que tem dentro desse templo, de que é feita a thakuraji, são apenas pedras, madeira, esse tipo de coisa. Minha namorada é mais bonita que essa thakuraji.” Mas Ramanujacarya disse, “Escute, a nossa deidade é sac-cid-ananda.” Então o bêbado perguntou: “O que é isso, sac-cid-ananda?” E Ramanujacarya lhe disse: “Na verdade, se você vê a beleza da thakuraji você não poderá compará-La a da sua namorada. ”

Então Dhanurda disse, “Se a beleza da sua thakuraji for maior que a beleza da minha namorada, eu prometo que abandonarei minha namorada e me renderei a Seus pés de lótus e me tornarei seu escravo. ” Então Ramanujacarya disse ok. No momento que o altar abriu, Ramanujacarya deu suas bençãos sobre a cabeça de Dhanurda. Dessa forma, Dhanurda pode ver a bela forma da thakuraji e desmaiou e começou a chorar e a chorar muito. Então ele se rendeu completamente aos pés de lótus de Ramanujacarya.

Sem a misericórdia do guru você não pode ver a forma transcendental do Senhor.

No Brahma samhita é explicado claramente: a forma do Senhor é sac-cid-ananda.

 

isvarah paramah krsnah sac-cid-ananda-vigrahah

anadir adir govindah sarva-karana-karanam

 

Então por causa da misericórdia de Ramanujacarya, Dhanurda compreendeu isto e rendeu-se completamente aos pés de lótus de  Ramanujacarya, mas Ramanujacrya então lhe disse: “Não se preocupe, você pode seguir as regras e proibições do varnasrama-dharma e você pode se casar com sua namorada e  manter sua vida, e como marido e mulher vocês podem permanecer juntos.”

Então Dhanurda seguiu as instruções de seu mestre e se casou, tornando-se um chefe de família e todos os dias ele servia a Ramanujacarya e ao templo, todos os dias ele ouvia hari-katha dos lábios de lótus de seu guru Ramanujacarya. Mas um dia alguns discípulos renunciados de Ramanujacarya estavam reclamando muito, mas Ramanujacarya não disse nada. Ele costumava ir tomar seu banho no rio e se apoiava no ombro de seus discípulos brahmanas. Mas quando ele voltava do seu banho no rio ele se apoiava no ombro de Dhanurda. Então alguns discípulos começaram a criticar e a fazer fofocas pelas suas costas, dizendo “oh Gurudeva está se segurando no ombro de Dhanurda, ele é  casado  e de classe baixa, nós somos brahmanas, por que quando ele volta de seu banho no rio ele se apoia nos ombros de uma pessoa de classe tão baixa e grhasta  como Dhanurda? Por que?”

De alguma forma, Ramanujacarya ouviu isto, mas não disse nada. Então os discípulos, um dia, começaram a discutir entre si. Assim Ramanujacarya os chamou: “Por favor venham.” E deu roupas muito bonitas, kaupina, a todos eles, dizendo, “Agora vão e tomem banho no rio.”

Enquanto eles tomavam banho no rio, Ramanujacarya pediu ao seu servo mais íntimo para que trocasse as roupas de lugar. Quando os discípulos voltaram de seu banho no rio, eles viram que as roupas estavam trocadas e começaram a brigar, dizendo, “Você pegou minha roupa, Gurudeva me deu a melhor roupa e você a tomou de mim.” E o outro dizia, “não, essa é a minha, essa é a melhor.” E assim continuaram discutindo e brigando uns com os outros. E novamente vieram reclamar a Ramanujacarya.

Novamente ele não disse nada e manteve a paciência. Mais tarde, ele estava dando hari-katha e Dhanurda estava ouvindo sentado bem a sua frente. Então ele disse sussurrando a seus discípulos, “Agora Dhanurda está diante de mim e ouvindo hari-katha, talvez sua esposa esteja em casa sozinha e provavelmente ela está dormindo. Então vocês vão até lá e roubem todo a suas riquezas. ”

De acordo com as ordens de Ramanujacarya, eles foram e tomaram todo o seu ouro e riquezas. Neste momento, a esposa de Dhanurda, fingindo que estava dormindo, percebeu que seus irmãos espirituais tinham vindo e estavam roubando seus pertences. Então, ela continuou fingindo que estava dormindo e um bramacari veio e pegou os ornamentos que ela tinha em um lado do corpo. Ela percebeu que ele tinha roubado daquele lado e virou de lado, para que ele pudesse pegar os ornamentos do outro lado também. Mas os bramacaris pensaram que ela acordou e fugiram.

Então os discípulos retornaram e disseram: “Pegamos tudo que havia na casa de Dhanurda.” Então Ramanujacarya disse a Dhanurda:

“Dhanurda,  já é quase meia-noite, é melhor você voltar pra casa, sua esposa está lá sozinha, talvez algum ladrão venha, é melhor você voltar pra casa.” E Dhanurda disse: “Gurudeva, não se preocupe. Porque eu quero ouvir o seu hari-katha. Estou muito ávido por ouvir o seu hari-katha.” Então, Ramanujacarya deu seu hari-katha durante duas horas, e após isso ele disse: “Dhanurda, você deveria voltar pra casa.”

Dhanurda voltou pra casa e encontrou sua esposa se lamentando e chorando. Então ele perguntou-lhe: “Por que você está chorando, o que foi que aconteceu?” E ela disse: “Oh meus irmãos espirituais vieram e levaram toda a nossa riqueza, ornamentos, tudo o que tínhamos.” Então Dhanurda disse: “Por que motivo você está chorando? Essa é a nossa casa mas é também o templo de Gurudeva. Eu não penso que a nossa casa seja diferente do templo. Se eles levaram tudo de todos os aposentos, tudo é de gurudeva, tudo é para servir ao guru. Então por que você está chorando?” Então a esposa respondeu: “Mas eu não estou chorando por causa disso, estou chorando porque eles levaram os ornamentos deste lado do meu corpo, e do outro lado não, então os ornamentos deste outro lado não poderão servir ao guru. ”

Enquanto isso, Ramanujacarya tinha enviado todos os discípulos para que, secretamente, escutassem o que Dhanurda e a esposa estavam conversando entre si. E eles ouviram toda a conversa e retornaram ao templo. Então Ramanujacarya disse: “Compreendem agora porque eu tenho amor e afeição por Dhanurda? Ontem eu dei roupas a vocês pequenos tecidos, roupas insignificantes, e vocês estavam brigando entre si, dizendo esta é minha, essa é sua. Dhanurda é completamente rendido a mim, ele deu tudo pra mim.” Então os discípulos ficaram muito envergonhados, pedindo perdão, e compreenderam.

Dessa forma, o nosso sastra explica:

 

kiba vipra kiba nyasi sudra kene naya

yei krsna-tattva-vetta sei guru haya

(Caitanya-caritāmṛta, Madhya 8.128)

 

Aquele que realiza isso é uma pessoa perfeita. Dhanurda era completamente rendido a Ramanujacarya.

Há uma outra história muito bela. Uma vez, Ramanujacarya estava pregando de cidade em cidade, e ele disse a seus discípulos: “Perto daqui vive uma pessoa muito rica, vocês todos devem ir e ficar lá na sua casa, com todos os meus discípulos.” Mas quando eles foram até a casa deste discípulo rico e disseram-lhe que gurudeva estava vindo, ele não respondeu nada. E Ramanujacarya ficou muito triste e disse:  “Tudo bem, eu não vou ficar na casa desse meu discípulo rico, quatro de vocês devem ir à próxima cidade e dar essa mensagem a outro discípulo, ele é pobre  mas que eu estou chegando com meus discípulos e vou ficar na sua casa.”

Os discípulos foram a casa desse outro discípulo na outra cidade, e no momento apenas a esposa dele estava em casa. E era uma casa muito pobre, nessa casa nem rato tinha, era completamente desprovida de dinheiro, como eles poderiam servir seus irmãos espirituais e gurudeva? Mas Ramanujacarya veio e foi servido muito belamente, com todo o necessário, água, etc. E essa devota tinha essa vontade: “Como posso servir a meu gurudeva?”

Ali perto, havia uma mercearia, onde se vendia arroz e outros mantimentos. No entanto, o dono dessa mercearia era uma pessoa tola, muito luxuriosa. A esposa desse discípulo pobre veio e disse: “Por favor, faça uma doação, pois meus irmãos espirituais e meu gurudeva vieram e tenho que servi-los.” Então o dono da mercearia disse: “Ok, eu vou dar tudo a você mas a noite você terá que vir até minha casa”

A devota pensou: “Custe o que custar, eu vou servir a meu gurudeva.” Então ela pegou os mantimentos, arroz, legumes, dahl, cozinhou e serviu a seu gurudeva. Sri Ramanujacarya sabia de tudo, pois o guru sempre sabe de tudo, essa é a verdade.

Mas ela era muito esperta, ela guardou um pouco dos remanentes de Sri Ramanujacarya. À noite, quando o seu esposo voltou e viu que gurudeva e seus irmãos espirituais, todos eles tomaram prasada e estavam descansando, ele ficou muito surpreso e perguntou a sua esposa: “Como foi que você conseguiu servir a guru e aos vaisnavas?” Então ela lhe contou o que tinha feito.

Então ele disse: “Tudo bem, não se preocupe, eu irei com você, e a noite ele a levou até  a casa do dono luxurioso da mercearia mas  ficou do lado de fora. Ao ver a mulher chegando, o dono da mercearia ficou muito feliz, e ela disse: “Tudo bem, meu gurudeva veio e você tem que aceitar esta prasada.” Mas ela não disse que era a prasada de Ramanujacarya. Ela disse apenas, “Esta é a prasada da thakuraji.” Então ele tomou, e quando ele tomou os remanentes de Ramanujacarya, começou a chorar e a chorar, e apesar de ser uma pessoa muito luxuriosa, ele chorou e sua mente mudou completamente. Então ele se atirou aos pés daquela senhora, pedindo desculpas e dizendo: “Oh, eu estava muito luxurioso.” E ela disse, “Ok, você cometeu ofensa aos pés de lótus do guru, então venha.” E o dono da mercearia veio e se rendeu completamente aos pés de lótus de Sri Ramanujacarya.

Nosso sastra também explica:

 

bhakta-pada-dhuli ara bhakti-pada-jala

bhakta-bhukta-avasesa – ei tina maha-bala

ei tina-seva haite krsna-prema haya

punah punah sarva-sastre phukariya kaya

                              Chaitanya Charitamrta (Antya-lila, 16.60-61)

 

A água que lavou os pés de lótus do mestre espiritual, o remanentes do mestre espiritual e a poeira dos seus pés de lótus são muito poderosos.

Se você aceitar esses três artigos com fé firme, o seu coração mudará e Krsna-prema surgirá em seu coração. Este é o processo.

Dessa forma, Ramanujacarya também mudou o coração daquele dono de mercearia luxurioso. Ele pregou muito belamente, existem belas histórias sobre Ramanujacarya

Certa vez, Ramanujacarya tomou prasada e deixou os remanentes embaixo de uma árvore. Uma cobra veio e tomou os remanentes da prasada de Ramanujacarya. Então essa cobra abandonou o corpo e se manifestou em uma forma muito bela de uma dançarino, ele fez um parikrama em torno de Ramanujacarya e se foi para Vaikuntha. Ele disse que na vida pregressa ele havia cometido ofensas aos pés de lótus de um vaisnava, mas como ele tomou os remanentes da prasada de Ramanujacarya então todas as suas ofensas, aparadhas, foram destruídas.

Portanto o nosso sastra diz, se você aceitar os remanentes de um vaisnava, então todas as suas ofensas serão destruídas.

 

Bolo Ramanujacarya ki jaya!

Harinama sankirtana ki jaya!

Gaura Premanande!

 

Transmitido em 25/03/2015 – aula via Skype   –  ( https://youtu.be/xL49NoC6EPA)